19 de out. de 2008

Preciso confessar uma coisa

Desde que estourou esta crise mais recente, deixei de ler as análises e entrevistas desses economistas e analistas econômicos todos. Simplesmente não me interessa o que eles têm a dizer, nem sua visão do que o futuro nos reserva.

Primeiro, porque estou convencido de que a grande maioria não tem noção de coisa alguma, nem dispõe de elementos que lhes permita prever o que vem por aí. Até porque usam instrumentos de ciências exatas para praticar uma ciência que não tem nada de exata.

Não sou especialista no assunto, longe disso. Mas meus 54 anos de vida e as crises que testemunhei desde que me dou por gente me ensinaram que a Economia tem muito mais a ver com a Biologia do que com a Física ou a Matemática.

O mundo econômico é um sistema complexo, assim como são a internet, a Floresta Amazônica e uma cultura de vírus num laboratório. Num sistema complexo, 1 + 1 pode ser igual a 2, assim como pode ser igual a 4 ou a 14. Uma pequena alteração no comportamento ou na estrutura de um pequeno agente secundário do sistema pode levar a resultados completamente diversos do que inicialmente se poderia esperar.

Depois, cheguei à conclusão de que ficar ouvindo o que dizem os Delfins, Mendonças e Mantegas da vida cria distrações e interfere negativamente na minha capacidade de tomar decisões com a velocidade e a objetividade que o momento requer.

Por último, sou da opinião de que um empresário ou executivo não deve perder muito tempo com o que não está sob seu controle. Precisa fazer o que resolve, atuando sobre aquilo que consegue controlar. E não perder tempo com firulas.

Não podemos permitir que aquilo que não podemos fazer nos impeça de fazer o que podemos fazer.

Se não dá (como, de fato, não dá) para mudar a direção ou a velocidade dos ventos, tratemos de ajustar as velas.

Acredito em fazer o que é preciso. E deixar o nheco-nheco para quem tem tempo e paciência para isso.

Não é sem motivo que, na parede do escritório do Grupo Cherto, está escrito em letras garrafais (indo de um lado ao outro da sala principal): "No nheco-nheco. Yes resultados".