29 de abr. de 2011

Comercial simplesmente genial!

Imperdível! Dos melhores dos últimos tempos. E tanto a agência, como o diretor, como a Docomo juram que não tem nada fake. Apenas o volume de algumas notas foi ajustado, para ficar equalizado com o das demais.

Foi meu amigo Gândara quem me enviou o link desse comercial. Para conferir o "making of", clique aqui.

Aproveite enquanto é gratuito

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Marisa manda conjunto de lingerie de presente para Kate

Mandar de presente para a nova princesa um jogo de lingerie sexy com um cartão que diz: "Você conquistou o solteiro mais cobiçado do mundo. Aqui vai um presente que vai ajudar você a mantê-lo". Eis aí uma bela jogada de Marketing! Irreverente e divertida. Bem ao gosto do brasileiro (não necessariamente dos ingleses, mas a campanha não se dirige a eles mesmo). Clique aqui para saber mais detalhes e ver uma foto do presente.

Se você nunca fracassou, você não viveu

26 de abr. de 2011

25 de abr. de 2011

Fechou a última fábrica de máquinas de escrever do Mundo

Só restava essa ainda em funcionamento. Ficava em Mumbai, na Índia. E fechou as portas hoje. Clique aqui para ler matéria a respeito. O link para esse artigo veio do Vinícius Rocha.

E pensar que eu aprendi a digitar (datilografar, como se dizia antigamente) numa máquina dessas...

Você deixaria um manobrista bêbado dirigir seu carro?

Genial esta ação! Nota mil! Foi o Guilherme De Cara quem me enviou o link:

Memórias, memórias, memórias...

Certos sons, palavras, imagens e até cheiros têm o dom de despertar em mim a memória de coisas que vivi muito tempo atrás. Foi o que ocorreu quando li a crônica do Matthew Shirts, publicada no Caderno 2 do Estadão de hoje (25/04/2011).

Mateus - como Matthew prefere ser chamado - foi meu “chefe” quando comandava o saudoso caderno Negócios da Folha de S. Paulo, no final da década de 1980 ou início dos anos 1990. Aliás, foi uma grande mudança na imprensa brasileira quando o jornal passou a tratar de Economia e Negócios em cadernos separados. O primeiro, cheio de notícias ruins e entrevistas e análises agourentas. O segundo, só alegria, com as histórias de empreendedores que, contra todos os prognósticos, criavam negócios do zero e prosperavam. Como no título do livro da Endeavor, faziam negócios darem certo num país então muito incerto.

Negócios era, então, um caderno “de verdade” (e não um tablóide cheio de classificados, como é agora), que falava sobre iniciativas bem sucedidas, Empreendedorismo, inovação empresarial, coisas assim. Seu primeiro comandante foi o competente Nelson Blecher, que, coerentemente, depois passou pela Exame e, mais tarde, criou a revista Época Negócios, ainda hoje dirigida por ele.

Foi o Nelson quem me contratou - em 1988, se a memória não me trai - para escrever uma coluna semanal sobre Franchising. Naquela altura, um assunto desconhecido do grande público e mesmo da maioria dos executivos e empresários deste país. Eu vinha enviando a ele, sistematicamente, artigos que escrevia sobre o tema. E ele, de tempos em tempos, publicava um deles. Provavelmente por necessidade de preencher um espaço ainda vazio na hora de fechar o jornal. A frase que mais se ouvia na Folha, naquela época, era uma de autoria de Leão Serva: “Jornal bom é jornal pronto”. Até que um dia, cedendo aos meus argumentos, Nelson topou criar a tal coluna.

O plano era ampliar os horizontes dos integrantes da comunidade empresarial brasileira e, com isso, provocar uma revolução na forma como se faziam negócios por aqui. Tanto que meu primeiro livro, publicado também em 1988, se chamava “Franchising: uma Revolução no Marketing”.

Eu tinha liberdade para escrever o que quisesse sobre o que quisesse. Bastava que o tema fosse ligado a franquias e que eu observasse as regras do Manual de Redação e as normas da boa educação.

E foi o que fiz durante quase 12 anos, até que, um belo dia, num gesto de surpreendente falta de cortesia do comando do jornal, fui sumariamente “demitido” por telefone por um jovem jornalista de vinte e poucos anos, uma espécie de trainee ou algo assim, cujo nome não me recordo, que apenas me disse: “Não precisa mais enviar sua coluna, pois o jornal não tem mais interesse em publicá-la”.

Mas vamos voltar ao que interessa.

Um belo dia, Nelson entrou na sala do dono do jornal e se demitiu. Diz a lenda que a reunião seguinte do empresário era com um historiador americano, um “brazilianista”, casado com uma jornalista brasileira e que havia sido contratado para escrever um livro sobre a história da Folha e, para isso, vinha fazendo uma espécie de estágio por todas as seções daquele veículo, no intuito de conhecer melhor a cultura e ouvir dos protagonistas as histórias e anedotas vividas por quem trabalhava ali.

Esse historiador - você já deve ter adivinhado - era Matthew Shirts, que, meio sem saber como, nem porque, entrou naquela sala para falar do livro e saiu de lá com o cargo de Editor do Caderno Negócios.

E foi assim que vim a conhecer esse cara genial, que é, sem dúvida, o americano mais brasileiro que eu conheço. Ou talvez seja o brasileiro mais americano que conheço, sei lá. Não perco as histórias que ele conta no Estadão todas as segundas-feiras. Foi um prazer e uma honra trabalhar com ele durante o tempo em que orquestrou aquele caderno da Folha.

E hoje, ao ler a crônica na qual ele me cita e faz referência àquela coluna, essa história toda, de mais de 20 anos atrás, passou diante dos meus olhos em uma fração de segundo, como um filme em altíssima velocidade.

Uma coisa boa é saber que, tanto tempo depois, Matthew ainda se lembra de mim e do trabalho que fazíamos juntos. E, provavelmente, de uma forma positiva, ou não me citaria.

Eu, com certeza, tenho saudades daquele tempo. Não que queira voltar a ele. Estou bem melhor agora. Mas tenho boas recordações.

E é bom me dar conta de que, já naquela época, eu tinha a obsessão de ampliar horizontes - os meus e os de quem me cerca - e fazia planos e agia para mudar o mundo à minha volta. Exatamente como sigo fazendo até hoje.

Ou seja: mudei em muitas coisas - e não necessariamente para melhor em todas elas. Mas nisso continuo igual.

Não sei se isso é bom ou ruim, mas é assim.

24 de abr. de 2011

Episódio 1 da série Os 7 Pecados Capitais do Franchising (a Ira)

Agora em HD (High Definition).Basta clicar aqui para assistir. Para a versão normal, clicar sobre a imagem no post anterior (abaixo).

19 de abr. de 2011

Os 7 Pecados Capitais do Franchising - Episódio 1: Ira

Esta série, composta por 7 episódios (cada um tratando de um pecado), resultou de uma idéia de Pedro Mello, que também cuidou da Direção. Textos de Carolina França. Realização: Papaya Filmes. Apoios: HSM e ABF.

Quer mudar o Mundo?

Comece mudando a visão que você tem do Mundo, de você mesmo, de seu papel e dos impactos que uma ação sua pode provocar. Muitas vezes, a diferença entre o possível e o impossível, entre o positivo e o negativo, entre o problema e a oportunidade, é apenas uma questão de perspectiva. Como mostra este vídeo que o Simon Sinek postou hoje no Twitter:

6 de abr. de 2011

Terremoto e tsunami - relato de Chieko Aoki (testemunha ocular)

Com a autorização da própria, transcrevo aqui, na íntegra, o comovente relato que minha amiga querida (e companheira de Academia Brasileira de Marketing) Chieko Aoki enviou de Tóquio, onde ela estava no momento em que ocorreram o terremoto e o tsunami que devastaram parte do Japão há algumas semanas - e onde permaneceu até poucos dias atrás, fazendo a sua parte para cooperar com os mais impactados pela catástrofe.

Confesso publicamente que ler o relato emocionado da normalmente contida Chieko me deixou com os olhos marejados. Não só pelas desgraças que ela relata, mas principalmente pelos atos de solidariedade e de espírito coletivo que testemunhou e compartilhou comigo e demais integrantes da Academia - e que agora compartilho com os leitores deste blog.

É um texto longo, mas vale a pena lê-lo até o final. Pode ser que você, assim como eu, conclua a leitura com motivos de sobra para acreditar que - apesar de todos os desastres naturais e não naturais e de todas as atrocidades que se cometem todos os dias - o Mundo e a humanidade têm salvação.

Relato do extremo Oriente – Chieko Aoki no Japão

"Quando o terremoto atingiu Tóquio no dia 11 de março às 14h48, eu estava em reunião no lobby de um hotel com mais de 500 apartamentos, a cerca de 10 minutos de carro da minha casa. Foram dois fortes impactos; depois do primeiro, fomos todos para fora do prédio, mas após alguns minutos de calma, voltamos. Foi somente tempo de, mais uma vez, a equipe do hotel nos direcionar novamente para fora do prédio, onde já havia muitos estrangeiros apavorados e japoneses tentando esconder o mesmo sentimento. Em minutos a cidade parou. Os carros pararam e as pessoas estavam nas ruas olhando para cima atentas para garantir que, de repente, conseguiriam desviar de uma parede em cima de sua cabeça, algo possível de acontecer.

Após um tremor como nunca tinha sido sentido, inclusive pelos japoneses acostumados a terremotos, nossa reunião foi postergada, com alguns deles preocupados com a volta para a cidade de origem, já que o trem-bala estaria parado e as ruas, cheias. Soube depois que conseguiram chegar após quase 6 horas, pegando o último táxi disponível no hotel. A última pessoa do nosso grupo a sair do hotel, por falta de transporte, teve que passar a noite na estação, passando frio, junto com uma centena de outras pessoas que não encontraram mais como retornar para casa. Felizmente tiveram ajuda do hotel da estação, que disponibilizou espaço de subsolo e cobertores.

O terremoto seguido de tsunami foi muito superior a qualquer possibilidade previamente calculada, com uma onda gigante de mais de 20 metros de altura invadindo o continente japonês por mais de 6 quilômetros, numa extensão litorânea de 500 km, com aniquilamento e devastação de uma cidade após a outra. Em algumas localidades, desapareceram prefeituras, prefeito e seus moradores, impossibilitando precisar o número de vítimas, pela destruição das informações.

O tsunami chegou a algumas cidades 30 minutos após o terremoto e os moradores tiveram tempo de correr para locais altos pré-estabelecidos e já conhecidos pelos treinamentos regulares. Entretanto, a água atingiu uma altura muito maior do que o previsto, com força brutal, levando junto os próprios refúgios, fato que foi testemunhado pelos poucos que milagrosamente se salvaram, agarrando qualquer coisa que puderam.

Como o mundo acompanhou pelos noticiários, a catástrofe deixou um saldo terrível – mais de 20 mil pessoas entre mortos e desaparecidos, destruição de cidades inteiras com suas estradas, casas, indústrias, lojas, campos, navios pesqueiros, prefeitura, hospital, escolas. Muito foi levado e não restou resquício algum de que um dia existiu algo ali. Em outras localidades, tudo precisa ser colocado abaixo para reconstrução. Além de causar devastação e infertilizar a terra por anos, um terremoto seguido por tsunami tem o agravante de levar vidas para o alto-mar, situação difícil de ser aceita pela religião e tradição japonesa.

Como se não bastasse, a usina nuclear de Fukushima foi seriamente danificada, com sério risco de virar catástrofe incontrolável. Além disso, a temperatura começou a baixar, a neve voltou a cair e, na semana do terremoto, o país passou a registrar sismos contíguos 4 ou 5 vezes ao dia. A frequência diminuiu com o passar do tempo, mas até agora, 13 dias depois do grande terremoto, continuamos sentindo tremores intermitentes.

O grande impacto do primeiro momento do terremoto é o mexe-mexe de objetos que parecem voar para a sua direção e, no segundo seguinte, sentir que você está completamente isolada do mundo, porque os telefones param de operar por excesso de uso. Imediatamente pensa-se na família e a apreensão de não saber o que está acontecendo com eles – e não saber como e o que fazer para chegar até eles. Surge uma força não se sabe de onde que, como dizem, demove montanhas. Pelos depoimentos das vítimas, muita gente conseguiu salvar-se pensando em salvar família e amigos; outros infelizmente não tiveram tempo de se salvar juntos, tendo sido tragados pelas águas a caminho de buscar filhos e pais...

Mas, ao lado de acontecimentos dolorosos, testemunhamos também cenas de heroísmo, como a professora de escola infantil que segurou nos braços, com dificuldade, duas criancinhas da escola, e agarrou-se à cortina, tentando manter-se fora d’água, porque não podia desistir enquanto não entregasse as crianças sob sua guarda para as mães.

O mundo todo acompanhou as cenas de destruição e o comportamento das vítimas diante da catástrofe. É isso que desejo compartilhar – como uma situação tão grave pode ser também repleta de amor e de esperança – e de grande aprendizado pessoal e profissional. Muito aprendizado sem limites e surpreendentes passados também por crianças, idosos, deficientes físicos – aqueles quem sempre acreditamos que devem ser apenas ajudados. Puro engano: descobri que todo ser humano é capaz de ser útil e importante, se lhe é dada força e confiança.

As pessoas que conseguiram se salvar foram acolhidas, na sua grande maioria, em escolas, prefeituras e hospitais. É dessa maneira, muitas vezes somente com a roupa do corpo, sem combustível para aquecer do frio, sem energia elétrica, comida e água e também sem notícias dos filhos, pais e parentes, que as vítimas dão exemplos de dignidade, força de grupo e de solidariedade. Pelo isolamento gerado devido à destruição das estradas por cerca de uma semana, o que impossibilitou chegar, em quantidade suficiente, até mesmo artigos emergenciais como água, combustível para aquecimento, cobertor, comida, meios de comunicação, as pessoas tiveram que contar somente com elas mesmas. Devido a tremores contínuos, eram impossibilitadas de aquecimento alternativo como fogueira. Começaram iniciativas de mutirão de solidariedade e de ajuda mútua, pelas próprias vítimas, nos abrigos, para sobreviverem todos, juntos. No início, dividiam cobertores e água, juntavam-se para se aquecer. Inclusive, uma senhora com pressão alta faleceu porque, mesmo devendo beber bastante água, recusava receber mais do que outros.

Era emocionante ver aquelas pessoas, naquelas condições tão precárias, mais preocupadas em confortar e ajudar ao próximo, como o médico que tinha sido salvo pela equipe de resgate e, chegando ao abrigo viu tantas pessoas precisando de cuidados médicos, que começou a ajudar, apesar de não ter notícias da esposa e filhos. Enquanto isso, uma outra pessoa saía à procura da família do médico nos outros abrigos ou verificava a lista de vítimas feitas por cada abrigo. Donos de indústrias e lojas saíam à procura de seus funcionários porque, no Japão, colaborador e empresa são uma família. Pessoas formavam longos mutirões com adultos, crianças, idosos e todos que podiam ajudar, para transportar água para reservatórios provisórios feitos para abastecer os banheiros, porque, para os japoneses, limpeza do banheiro é até sagrada.

É admirável a organização, disciplina e espírito de grupo – mulheres e jovens anotavam nomes das pessoas desaparecidas e homens saíam à procura delas e de enlatados comíveis; ajudavam também os idosos e os feridos. Como citado acima, jovens, crianças, todos contribuem de forma impressionante. Adolescentes de 12 a 13 anos cozinham e distribuem comida, outros meninos e meninas de 6 a 8 anos começaram a se reunir por iniciativa própria para diversas ações: uns formaram equipe de massagem dos idosos; outros elaboravam questionários para identificar o que cada vítima estava precisando; outros eram grupos de canto para alegrar o ambiente.

Um adolescente, de 15 anos, que tinha fugido direto da escola com os professores e colegas e não mais encontrou os pais, escreveu faixa com mensagem positiva para manter boa energia no ambiente. Os idosos brincam com bebês e crianças pequenas enquanto as mães ajudam em outras tarefas. Os adolescentes ensinam jogos para crianças e os idosos, para os adolescentes e sua alegria e risada traz conforto e esperança para todos dos abrigos. A ajuda é impressionante em um mutirão de solidariedade, com as pessoas dizendo que eles próprios deviam primeiro se ajudar, que deviam estar à frente da recuperação, sendo a solução para as dificuldades, porque sabiam o que e como deveriam ser as ações para sair da situação – falando, ouvindo, pensando, encorajando, juntando-se para definir ações prioritárias para o grupo.

Hoje, todos compartilham dores a cada corpo encontrado, a alegria ao encontrar quem achava que tinha sido levado pelas águas, ou ao se deparar com foto ou altar dos membros da família. Nestas comunidades, apesar da destruição total, as palavras que mais se ouve das vítimas são “gaman suru” – vou aguentar, suportar, ter paciência, resistir; “gambaru” – vou superar as dificuldades, vou me empenhar, farei o meu melhor; “kansha shimasu” – sou grato, gratidão, reconhecimento; “tasukeau” – ajudar mutuamente, cooperar, contribuir. Chora-se pelas perdas e também com gestos de ajuda e de conforto. TVs recebem e-mails e fax (há muita dificuldade de comunicação) das pessoas nos abrigos e divulgam na TV com pedidos de contato, de alimentos e combustíveis para pequenos grupos perdidos – e ajudam a buscar soluções.

Neste ambiente, o papel dos líderes naturais que foram ajudando na coordenação – sejam prefeitos, professores ou quem fosse escolhido – foi fundamental para identificar e organizar os pedidos, manter relatório diário da situação, da realidade de cada um dos abrigados e suas famílias, o que precisavam ou tinham perdido, enfim são verdadeiros responsáveis para manter o espírito vivo e bem de grandes e pequenos abrigos que se formaram e para organizar as ajudas vindas do próprio Japão e de outros países.

Estes gestos das vítimas contaminou todo o Japão, com ações de solidariedade de iniciativa de esportistas, lutadores de sumô, atores e atrizes e diferentes tipos de grupos sociais que coletavam doações nas estações de trem ou carregando caixas de doações na porta do estádio; fizeram chegar tudo que precisavam assim que as estradas e combustíveis permitiram. Associações de remédios enviavam medicamentos e materiais hospitalares; associação de roupas e sapatos enviavam roupas novas separadas por sexo, tamanho, tipo; indústrias de produtos de higiene enviavam doações de acordo com as necessidades solicitadas pelos abrigos. Empresários e personalidades faziam doações em dinheiro da ordem de US$ 10 milhões, como o dono da Uniqlo que, além de ajuda monetária fez US$ 7,5 milhões em roupas. Esta forma de doação organizada ajudava na identificação dos produtos, evitando necessidade de grande número de voluntários para separar e distribuir. Os organizadores solicitam que o envio de doações individuais de produtos seja restrito, pela dificuldade de controle e de entrega, substituindo por doações em dinheiro.

Impressionante também a velocidade com que empresas como Panasonic, Sony, Honda e outras adaptaram aquecedores a combustível a uso sem energia e combustível e entregaram para os abrigos, diante da dificuldade de fazer chegar a energia e combustível às cidades onde o frio aperta, colocando ainda mais à prova aquelas vítimas, que passaram a ser aquecidas com solidariedade inteligente destas e outras tantas empresas. Entre elas, a fábrica de alimentos prontos que trabalha 24 horas para distribuir gratuitamente bolinho de arroz e outras comidas práticas, montando logística própria de entrega com bicicletas e meios possíveis. Adolescentes fazem escalda-pés e massagem para os idosos; hotéis contratam ônibus e convidam vítimas para tomar banho no spa e descansar e comer comida quente no hotel; médicos de outras partes do Japão fecham temporariamente suas clínicas para ajudar as vítimas; voluntários de outras cidades se organizam para dar aula, cozinhar, cantar e tocar instrumento com adolescentes porque com eles e crianças alegres, todos os adultos alimentam esperança pela reconstrução. É um círculo e corrente de solidariedade para manter o ânimo, força, alegria e espírito de gratidão.

Outro exemplo admirável é o caso do Prince Hotel, em Tóquio. Com 700 apartamentos, estava previsto para fechar em abril. Hoje (24/03/2011) foi noticiado que o proprietário decidiu postergar até final de junho o fechamento do hotel, para ser usado pelas vítimas como alojamento. Não funcionará com serviço de hotel, mas o prédio e suas facilidades podem ser um excelente local para as vítimas se instalarem. O governo está construindo casas provisórias a toque de caixa, devendo entregar as primeiras 500 casas-alojamento, com quarto e cozinha, até o final do mês.

A vida continua muito difícil para as vítimas que estão nos hospitais, abrigos, em vida comunitária, mas o exemplo destas pessoas que não reclamam, mantém energia positiva, alimentam força e esperança de que conseguirão reconstruir a vida tem acordado os sentimentos tradicionais japoneses, contaminando de forma muito positiva os corações, gerando forte sentimento de amor e de ajuda ao próximo, de agradecimento e de força que faz pensar como estas pessoas, tão fragilizadas, mas tão fortes, estão unindo outras pessoas e fazendo renascer a tradição japonesa que os japoneses queriam despertar, mas não sabiam como fazer. E conseguiram: o lema agora no Japão é “Gambare Nippon”: “Força, Japão, fazendo juntos, formamos uma grande força”.

A nova pancada é a radiação da usina nuclear atingida pelo terremoto. Desde o terremoto, o possível tem sido feito para resfriar e consertar as torres das usinas, com explicação diária e contínua sobre a situação. Para gastar menos energia, Tóquio e varias cidades estão sob apagão programado de três horas por dia, que tem afetado a movimentação das pessoas para o trabalho pela falta de meios de transporte, a produção nas grandes indústrias, o consumo nas lojas com impacto negativo na economia. No entanto, por enquanto, o sentimento de colaboração está forte, sem comentários negativos aos sacrifícios exigidos das pessoas e empresas dependentes da energia da usina afetada.

As últimas notícias da semana é que encontraram contaminação no mar próximo da região atingida e também em algumas verduras. Hoje foi em água da região. Apesar de ser em nível não prejudicial à saúde, por precaução o governo proibiu a venda de algumas verduras produzidas de certas regiões onde se detectou algum nível de contaminação, bem como proibiu uso de água de torneira para fazer leite para bebês de até um ano, fazendo, com isso, desaparecer as garrafas minerais das prateleiras dos supermercados.

O governo e a empresa de energia estão correndo contra o tempo para evitar catástrofe que, em caso de energia nuclear, não se pode descartar. Estando no Japão, a percepção é de que o progresso é gradual e positivo, que os riscos estão sendo controlados e que o país inteiro começa a enxergar uma luz de solução estável. Novas e pequenas melhorias nas usinas são anunciadas, paralelamente ao anúncio de radiação que, ao longo deste período, foi aos poucos atingindo algumas regiões e produtos.

Os aprendizados são diários e não me canso de me surpreender. Em locais com mais adultos e idosos, por exemplo, o exército está construindo ofurô (a banheira tradicional japonesa) para homens e mulheres, porque o costume a esta prática que é o que lhes dá maior conforto.

Passada a fase de distribuição maciça de produtos emergenciais como cobertor, combustível, roupas quentes, fraldas e principalmente água e comida, as necessidades mudam. Assim, cada um dos abrigos coleta de cada uma das vítimas o que mais precisam – de bebês a idosos – analisam e fazem lista única com cerca de 15 itens que são enviados para centrais de distribuição de doações. Ou seja, cada abrigo, dependendo da localização, próxima a algum centro fornecedor ou isolada de tudo, tem uma necessidade diferente. Há abrigo que precisa, por exemplo, de secador de cabelo, porque é frio e tomar banho e não secar o cabelo tem levado muitas mulheres a se resfriarem. E, pedem secador potente e com economizador de energia, para pode secar rápido para muita gente poder usar.

Chegam doações dos mais diversos tipos, de brinquedos a bolsinhas para maquiagem, acessórios, comida e bebida em vidros, louças etc. Cada caixa é separada minuciosamente pelos voluntários. Comida em vidro não pode ser enviada para evitar risco de quebra no transporte ou machucar nos abrigos ao quebrar ou com novo terremoto; ao invés de louças, somente descartáveis e plásticos para igualmente evitar acidentes; tênis são separados por tamanho e sexo e enviados de acordo com os pedidos para não inutilizar a boa-vontade dos doadores; como característica do povo japonês, não se dá roupas de baixo para outros; desta forma, sites e campanhas fazem pedidos para ficarem à vontade para enviar porque as vitimas estão precisando. Por outro lado, informam que cobertores e roupas de determinados tipos já foram coletados em número suficiente. Pedem para restringir brinquedos, mas precisam de produtos e objetos educativos para bebês e crianças que ficam escrevendo, desenhando, fazendo dobraduras e atividades afins.

As vítimas somente pegam doações que estão precisando mesmo porque, pela cultura japonesa, é de certa forma vergonhoso precisar de ajuda a ponto de receber objetos, assim como não há como guardar, cuidar ou mesmo usar. Por isso, as chamadas dos abrigos com lista das necessidades restringem-se a produtos de real necessidade.

Os produtos são classificados e colocados em caixas, algumas delas com desenho do tipo do produto para facilitar a identificação, assim como mensagens de incentivo e de conforto para alegrar quem vai receber. Ou seja, não se faz apenas o bem, mas de uma forma a exceder as expectativas.

O que tem ajudado muito é a experiência anterior, do terremoto de Kobe, de cerca de 16 anos atrás. Depois disso, ao longo dos anos, dados de pessoas que sofreram terremoto têm sido coletados. A experiência dá velocidade e foco no atendimento. Por causa do grande potencial de perigo da radiação nuclear, é preciso correr contra o tempo, inclusive para ajudar os desabrigados, os doentes e os agricultores e pescadores que tiveram seus produtos completamente inutilizados pelas radiações.

Todos têm demonstrado que agora é hora de se concentrar, todos juntos, na recuperação e salto na economia e na força do povo japonês.

O corpo aguenta, mas o espírito precisa ser continuamente alimentado e, para isso, é fundamental para todos, principalmente as vítimas, ver velocidade nas ações de recuperação, para poderem começar a reconstrução de suas vidas com esperança e fé. O tempo é curto para cuidar do coração fragilizado das vítimas. Que Deus continue lhes passando força e também para as pessoas que estão ajudando, para que o espírito de solidariedade seja contínuo e fique para sempre, forte, nos japoneses e nas pessoas do mundo todo. A ajuda humanitária e técnica dos países e de pessoas de diferentes países ao redor do planeta tem tocado profundamente, com sentimento de gratidão, a todos os japoneses – vítimas ou não – que sentem concretamente que não estão sozinhos, que o mundo todo está sofrendo junto e caminhando com os japoneses para o fortalecimento da fé, da esperança e da vida dos japoneses e do Japão."