Conversando com o dono de uma confecção, perguntei como andam as vendas. A primeira parte da resposta não me surpreendeu. Afinal, todo empresário-comerciante é um pouquinho chorão. A segunda valeu por um direto no queixo. Disse ele: "As vendas da nova coleção estão abaixo do esperado. Também, pudera, com todas essas promoções que a Claro, a Vivo e a Tim andam fazendo..."
Está aí a prova de que tudo concorre com tudo. Celular concorre com camiseta. Assinatura de TV a cabo concorre com yogurte. Geladeira concorre com viagem. Carro concorre com reforma de apartamento. Cinema concorre com restaurante japonês. E assim por diante.
Afinal, como ensina meu amigo e guru Francisco Madia, as empresas não disputam "market share". Disputam o poder aquisitivo (a grana) e o poder restritivo (o tempo) que o consumidor tem para gastar. Grana e tempo são recursos com características diferentes (tempo é inelástico e não-armazenável e grana é armazenável e, dentro de certos limites, elástica), mas com um ponto importante em comum: são finitos. E, para a grande maioria dos mortais, escassos.
Grana e tempo gastos em alguma coisa não podem ser aplicados em outra, mesmo que se esteja falando de alhos e de bugalhos. Portanto, não basta mais oferecer ao mercado um bom produto ou serviço. Toda marca e todo produto (ou serviço) precisa se tornar relevante. E notável (remarkable) e desejável. Não apenas comparado com os demais produtos, marcas e serviços da mesma categoria. Mas com tudo o que está acessível ao dono da grana.
Pois é... A vida já foi bem mais simples...