A seguir, texto do meu artigo publicado na Gazeta Mercantil de ontem (13/08/2008):
Não basta ter sorte, é preciso ajudá-la [por Marcelo Cherto]
Descobri o franchising nos anos 1970, quando cursava o mestrado em Direito na New York University. Saído de Santos para Manhattan, me vi, numa manhã especialmente gelada, escolhendo as poucas matérias eletivas que iria cursar. Rato de praia e com apenas 23 anos de idade, optei pelas que me permitiriam dormir até mais tarde. Dei sorte: foi numa dessas aulas que tive meu primeiro encontro com os contratos de franquia.
Embora formado em Direito, sempre apreciei livros e artigos sobre marketing. E já naquela altura sabia que precisava me diferenciar dos milhares de outros advogados que atuavam no Brasil. Ou encontrava um nicho de mercado, ou seria apenas mais um. Defini que aquele seria o meu nicho e voltei ao Brasil disposto a me tornar o primeiro especialista em franquias daqui.
No Brasil de 1978 não havia muitos franqueadores. Isso tornava mais difícil a execução do meu plano de viver de franquia. Mas sempre tive muita sorte na vida. Deus colocou no meu caminho um monte de pessoas certas e, por meio delas, me criou muitas oportunidades. Assim, por indicação de um cliente, em 1986 fui eleito diretor jurídico da Associação Brasileira de Anunciantes. Um de meus colegas de diretoria era Marcos Cobra, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), que na época ajudava Milton Mira, da Editora McGraw-Hill, a organizar uma coleção de livros de marketing escritos por brasileiros. E me indicou para redigir o volume sobre os "Aspectos Jurídicos do Marketing no Brasil".
Milton pediu que eu redigisse um dos capítulos, para ver se eu levava jeito. Escolhi o que tratava dos aspectos jurídicos do franchising e caprichei. E logo concluí que era apenas sobre isso que queria escrever. Sugeri trocar o projeto inicial por um livro apenas sobre franchising. Milton topou e, em 1988, publicou meu primeiro livro, "Franchising – Uma Revolução no Marketing".
Enquanto trabalhava no livro, escrevi uns tantos artigos que enviei às redações de diversos jornais, incluindo a Gazeta Mercantil. Um deles foi lido por Marcos Gouvêa, na época executivo das Lojas Arapuã. E ele, que tinha planos de criar uma rede de franquias, me pediu ajuda para conhecer algumas das poucas operações do gênero existentes no Brasil. Promovi um encontro dele e meu com Edson D’Aguano, então responsável pelas franquias Ellus, para trocarmos idéias.
O papo foi tão bom que passamos a nos encontrar uma vez por mês para conversar sobre franchising. Aos poucos, fomos agregando novos convidados. E, depois de alguns meses, eu e mais oito integrantes desse grupo criamos a Associação Brasileira de Franchising.
A partir daí, o franchising explodiu no Brasil, e eu pude atuar como consultor e, durante muitos anos, viver apenas de franchising, como queria. Tive sorte? É claro que sim. Mas fiz minha parte para ajudar a sorte.
E você, leitor, o que tem feito para ajudar a sorte?