13 de jun. de 2009

O show de Caetano Veloso - totalmente perdível

Ontem, Dia dos Namorados, minha mulher e eu fomos assistir ao show do Caetano. Com o devido respeito, para trocar o espetáculo por bosta, só mesmo levando a lata.

Antes, preciso esclarecer que gosto do Caetano. Sua voz sempre foi (e continua sendo) uma das melhores, entre os cantores nacionais. E, sem dúvida, dos compositores de que gosto, é o que melhor interpreta suas próprias obras.

Algumas de suas músicas têm lugar garantido na minha lista das Melhores de Todos os Tempos. Saudosismo, Trilhos Urbanos, Terra, Lua de São Jorge e tantas outras são coisas de gênio. Sampa contém um dos versos mais bem sacados que eu já li ou ouvi ("é que Narciso acha feio o que não é espelho"). Apesar de eu ter o maior bode de quem chama São Paulo de Sampa. A canção é tão bonita que até relevo isso.

Mas este show está uma merda. Aliás, posso estar sendo injusto, mas não consigo me lembrar de nada realmente bom que Caetano tenha feito nos últimos 8 ou 10 anos. Diga-se de passagem que as únicas canções "ouvíveis", em todo o repertório do show, são um tango antigo e Irene e Não-Identificado (ambas com uns 40 anos de existência).

A banda não convence, a despeito da competência do bateirista. Sonoridade de bandinha roqueira de garagem dos anos 1970. O repertório fede: melodias nada inspiradas recheadas por letras pueris, dignas de festival de escola secundária. O cenário é, ao mesmo tempo, fraco e pretensioso. É preciso reconhecer que a iluminação é boa.

Os trejeitos de Caetano sempre me irritaram. Mas eram aceitáveis, num cara mais novo. Num sessentão, deixam-no com pinta de bicha velha. E bicha velha é uma coisa triste, é ou não é? Adicione-se que, nesse quesito, a semelhança física com Clodovil não joga a favor do cantor-compositor.

Em suma, se quiser minha opinião, não vale a pena gastar nem tempo nem grana com isso. Tem coisa muito melhor para se fazer em São Paulo.