Mesmo sem conhecer o autor, tomo a liberdade de transcrever o texto abaixo, que me foi enviado por minha mulher, que já passou dos 50 e está cada vez melhor, mais bonita, mais sábia, mais mulher.
O autor, Ricardo Gondim, diz o que eu gostaria de dizer aos que me cercam e me envolvem em coisas, conversas e atividades que eu preferiria evitar. E o faz com muito mais competência do que eu seria capaz.
TEMPO QUE FOGE [texto de Ricardo Gondim]
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói até o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, sobre assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres, orgulho, e mentiras de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, sabe que é melhor acertar, mas se errar, admite e tenta consertar.
Não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. Pessoas que amam e respeitam seus semelhantes.
O essencial faz a vida valer a pena. E, para mim, basta o essencial!