Ainda me lembro da primeira vez que ouvi Elton John. Corria o ano de 1969 ou 1970 e eu estava em São Vicente, na casa do meu amigo e colega de classe (no curso Clássico do Colégio Oswaldo Cruz, de Santos) Claudio Rolim, com mais um bando de adolescentes. Alguém (acho que foi o próprio Claudio, ou seu irmão Carlinhos, que viria a cometer suicídio alguns ano depois), apareceu com um LP que algum parente havia trazido de presente de Londres. E foi a primeira vez que eu ouvi Skyline Pidgeon.
Era algo um tanto meloso, uma estética muito diferente das músicas que eu curtia na época - The Who, Rolling Stones, The Kinks, Jimi Hendrix e os até hoje nunca superados Beatles - mas gostei da voz do cara mesmo assim. Nunca o coloquei mesmo nível de um John Lennon ou um Paul McCartney, mas passei a curtir algumas das músicas compostas e/ou cantadas por ele. Não todas, é óbvio. A tal Candle in the Wind, que ele compôs para a Lady Di, e algumas outras do mesmo gênero me embrulham o estômago.
Pois ontem fui assistir ao vivo ao show dele, na tal Arena Skol, em São Paulo. Afora algumas falhas da organização (a entrada na tal Platéia VIP foi uma zona total) e do fato de que o local é, como diria a Madre Superiora, UMA BOSTA (como profissional do Marketing que sou, considero negativo para a Skoll batizar com sua marca uma espelunca improvisada, insegura e desconfortável como aquilo que pomposamente chamam de Arena), o show foi, como diria a mesma Madre Superiora, DO CACETE.
O velhinho (61 anos) tocou e cantou durante mais de duas horas e vinte minutos com uma energia que muito moleque de 20 anos não tem. E com uma categoria que nenhum moleque de 20 anos poderia ter. Tá certo, o figurino dele é pra lá de ridículo, mas dá para encarar. "Faz parte do show".
A infraestrutura de som foi perfeita. A banda, formada basicamente por cinquentões e sessentões, é das mais competentes que eu já ouvi. O destaque vai para o baterista sessentão Nigel Olsson, que está com o cantor desde a primeira formação da Elton John Band (em 1969) e sabe tudo de baquetas, tambores e pratos. Um genio. Mas todos os integrantes são altamente competentes. Sem falar na inveja que eu tive da coleção de guitarras que o também sessentão (parece quase setentão) Davey Johnstone exibe ao longo do show.
Em suma, os "velhinhos" botaram mais de 30.000 pessoas para dançar e pular durante mais de duas horas. Foi uma delícia! Nem a chuvinha que caiu durante uns 10 ou 15 minutos chegou a atrapalhar.
Na saída, aquele tumulto de praxe. Não pude deixar de pensar que nossas empresas organizadoras de shows e nossas autoridades de trânsito ainda têm muito o que aprender com os gringos e os australianos.