Aqui vai o texto original de meu último artigo publicado na Gazeta Mercantil (edição de 14/01):
Na crise, empreender não é opção [texto original de artigo de Marcelo Cherto publicado na Gazeta Mercantil de 14/01/09]:
Como todas as crises, esta também tende a gerar efeitos positivos. Um deles já se faz notar: empresários e executivos foram forçados a sair das respectivas zonas de conforto. Seja uma fábrica de pregos, uma consultoria, uma revenda de carros, um hospital ou uma agência de propaganda, a empresa que quiser ter alguma chance de continuar viva vai ter que repensar seus processos e rever a forma como cuida de suas finanças, como executa suas vendas e outras interações com o consumidor, como contrata, capacita e motiva seus talentos e como cria novos produtos, serviços e frentes de atuação.
Cá para nós, isso é muito positivo, pois não há empresa que não tenha um monte de “teias de aranha” que já deveriam ter sido removidas há tempos e de “esqueletos no armário”, que precisam ser sepultados de uma vez por todas. Assim como não há empresário ou executivo que não precise, periodicamente, repensar seu papel na vida e não empresa, bem como suas crenças e verdades. Com as cambalhotas que a economia deu nos últimos meses, não há certeza ou premissa que não precise ser revista.
Repensar a própria forma de agir e pensar vai levar empresários, executivos e empresas a se tornarem mais eficientes e produtivos. E, se todos o fizerem, a economia tende a se recuperar muito mais rápido do que se poderia prever inicialmente. E o Brasil pode emergir da crise mais forte do que entrou nela.
Outro efeito positivo que antevejo na crise é o fim do grande dilema que afligia muitos dos que decidiam se aventurar no mundo dos negócios: “devo ingressar ou seguir no mundo empresarial como empregado, ou como empreendedor?”
É bem provável que essa angústia logo deixe de existir. Afinal, a angústia sempre é fruto da pluralidade de opções. As pessoas se angustiam quando não sabem escolher entre ser empregado (de qualquer nível, inclusive CEO) ou ser empreendedor. Só que essa escolha, em breve, deixará de existir, pois todos os que quiserem ser alguém no mundo empresarial vão ter que empreender.
Não estou dizendo que todos abrirão suas próprias empresas. Isso não vai ocorrer. Porém todos, especialmente executivos de nível médio para cima, vão ter que pensar e agir como empreendedores. Vão ser forçados a conquistar diariamente – como fazem os que criam empresas – o direito de continuar exercendo suas funções. Porque, se não o fizerem, suas empresas não vão resistir e, portanto, seus empregos deixarão de existir. Tão simples assim.
Empreendedor não é apenas aquele que abre uma empresa. É aquele que, na própria empresa, ou na empresa de quem o contrata, é capaz de criar novas frentes, de encontrar formas inovadoras de fazer o que sempre foi feito e de gerar riqueza nova a partir do rearranjo de coisas que já existiam. E vão sobreviver e prosperar as empresas que contarem, em seus quadros, com um bom número de empreendedores.
Nessas empresas sobreviventes, quem não for empreendedor estará condenado a exercer papéis secundários, com remuneração compatível com sua falta de importância. E olhe lá !