Ao ler o post de hoje do meu amigo e parceiro Clemente Nobrega no seu blog, com uma visão empresarial do negócio do tráfico no Rio de Janeiro, achei que fazia todo sentido reproduzí-lo aqui:
TUDO A MESMA DROGA [texto de Clemente Nobrega)
O negócio da droga no Rio fatura (estimativas conservadoras) 300 Milhões de reais por ano e deixa em caixa uma sobra de menos de 10%. Gastos de capital (compra de armas) são altos, além do próprio custo da mercadoria vendida, propinas, mão de obra e tal.
A distribuição de renda entre os participantes do negócio é totalmente achatada -uma multidão em baixo, um ou outro barão faturando melhorzinho. A galera de soldados que rouba carros, invade favelas etc. ganha muito mal. Também devem morar com mãe, como o livro Freakonomics demonstrou acontecer com os soldados do tráfico nos EUA. O achatamento da renda aqui é pior do que lá.
O incentivo dos caras para ficar nessa vida é a perscpectiva de chegar ao topo, mas as carcterísticas do negócio impedem a cristalização de “planos de carreira”. Os soldados que botam as manguinhas de fora são assasinados para desestimular aventuras análogas dos demais. Os chefões não têm nenhum motivo para promover ninguém.
A grana é pouca. Sobram R$ 27 Milhões por ano para dividir entre três facções de traficantes. A tentação é aumentar o market share invadindo mercados e tomando canais de distribuição dos concorrentes. É uma coisa pré-histórica: se você cruzar com alguém de outra facção, mate-o imediatamente.
Como não há joint-ventures ou acordos de qualquer natureza, só é possível crescer tomando mercado de outros ou diversificando os negócios - fornecimento ilícito de gás e eletricidade, por exemplo. Ou, mais lucrativo ainda: elegendo políticos.
Mas nessas coisas os traficantes terão de concorrer com as milícias, que têm nelas sua competência central. São experts totalmente focados. Vai piorar.