15 de ago. de 2009

O que eu digo pros meus filhos, doutor?

Ontem, indo para Congonhas (para voar até Porto Alegre, onde eu tinha uma reunião), o taxista (de um ótimo nível, um cara que evidentemente estudou) puxou papo. Falamos sobre o Congresso Nacional, Sarney, Collor, Renan e outros seres nocivos.

Já estávamos quase no aeroporto, quando o cara disparou, quase como um desabafo: "Doutor, me diga aí, o senhor que estudou mais que eu. Como é que eu digo para meus filhos que o bom é ser decente, honesto? Como é que eu os convenço de que, no final, o bem triunfa? Como, Doutor, se está na cara que o mal é que sempre triunfa, sempre triunfou e sempre vai triunfar?"

E eu respondi a ele: "Meu amigo, se você encontrar uma resposta, me diga, porque eu estou no mesmo dilema. Também estou em busca de um jeito de dizer para os meus filhos, sem mentir para eles, que, no final, os Renans, Sarneys, Collors, Lulas, Dirceus, Delúbios et caterva vão se dar mal. E que gente como eu e você, que rala 10, 12, 14 horas por dia para ganhar dignamente, com o suór do próprio rosto e sem fazer putaria, o pão de cada dia, é que irá triunfar"

Você também, leitor, se souber me dizer como faço para dizer isso para os meus filhos sem ser um mentiroso, me diga. Que eu, sinceramente, não sei.