Decidi conceder, a você, caro leitor ou leitora, e a mim mesmo merecidas férias deste Blog.
Só voltarei a escrever aqui neste espaço no dia 10 de janeiro de 2008. Espero retornar cheio de novidades e de idéias fora da caixa.
Como despedida, deixo aqui um texto de Carlos Drummond de Andrade que minha mulher leu em voz alta no jantar de final de ano que tivemos com toda a família dela. O texto me inspirou e espero que sirva de inspiração também para você.
Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Que você e sua família tenham um ótimo Natal.
E que 2008 seja um ano muito melhor do que todos os que você já viveu. Como escreveu Drummond, depende basicamente de você.