Nestas semanas que antecedem o Natal, quando coincide de eu ter várias reuniões agendadas num mesmo dia em cantos diferentes da cidade, tenho preferido me deslocar de táxi, para poder andar pelos corredores de ônibus desta São Paulo cada vez mais congestionada. E numa dessas corridas, mal entrei no táxi, o motorista enfiou no player um CD do Kenny G.
Não sei você, leitor, mas eu odeio a música do Kenny G. Na minha visão de ex-guitarrista (medíocre) de uma bandinha de rock (também medíocre), o que esse gringo faz é música de elevador da pior qualidade. Quindim com melado é menos enjoativo.
Kenny G consegue estragar até música dos Beatles. Consegue estragar até dueto com o melhor de todos, o grande Frank Sinatra. Aliás, como diria minha amiga Marília, misturar Kenny G com Sinatra é como colocar merda em sorvete de creme: não torna a merda palatável e decididamente estraga o sorvete.
Mas, voltando à nossa história, lá estava eu, no táxi, refém de um motorista que, imaginei eu, adorava Kenny G. Como eu estava num dia “zen”, resolvi deixar por isso mesmo e não pedi para o cara trocar o CD. Quase chegando ao destino, puxei papo e acabei perguntando se ele gostava muito daquele tipo de música. E, para meu espanto, ele me respondeu que não.
Não me agüentei e indaguei por que motivo, então, estávamos há mais de 20 minutos ouvindo aquele troço. E ele me respondeu que era apenas porque havia me achado “uma pessoa sofisticada”. E, na visão dele, aquele era o tipo de música que “uma pessoa sofisticada” gostaria de ouvir... Vá entender...
Teria sido tão simples ele me perguntar se eu gostava daquele tipo de som. Ou do que eu gostava. Ou me oferecer várias opções e me deixar escolher. Inclusive permitindo-me optar por viajar em silêncio, se assim me desse na telha.
Pensando bem, tenho visto muitas empresas, pequenas, médias e grandes, dos mais diversos ramos, fazerem exatamente isso que o taxista fez: presumir que sabem o que seus clientes querem, em lugar de fazer algo tão simples e efetivo como dar a estes a chance de manifestar seus anseios e expectativas.
E a sua empresa, caro leitor, como age com relação a isso?