17 de set. de 2007

Uma "vending machine" de bicicletas? Quem diria?

Pois é. Em Amsterdam, Holanda, foi criado o Bike Dispenser, um modelo inovador de negócio de aluguel de bikes: o cliente paga um valor relativamente baixo (mais ou menos R$ 7,50 por 20 horas de uso), retira sua bicicleta numa das máquinas (ver foto) e pode devolvê-la na mesma máquina, ou em outra. Se preferir, pode deixá-la em qualquer lugar, pois as bikes são equipadas com RFID, o que permite que a empresa as localize e leve para a “vending machine” mais próxima.

Poderia dar certo num país como o Brasil? Na minha visão, nem a pau, Juvenal. Aliás, acredito que nem nos EUA as cidades um pouquinho maiores comportem algo que requer tamanha dose de civilidade e de respeito pela propriedade alheia. Mas achei legal falar do assunto para você, leitor. Dentro do mesmo espírito que me leva a visitar antiquários, galerias de arte e lojas de carros antigos que vendem coisas totalmente fora das minhas possibilidades financeiras. Vou a esses lugares para “apurar o gosto”. Da mesma forma, espero que esse modelo de negócio holandês nos leve a refletir sobre como nossa vida poderia ser bem melhor se nosso país fosse um pouquinho mais civilizado.

Vivi algum tempo nos EUA e continuo me maravilhando com uma diferença fundamental entre nossas culturas: lá, a coisa pública é de todo mundo; enquanto aqui a coisa pública não é de ninguém. Na Europa, ou, ao menos, em alguns países (como a Holanda, a Suécia e outros), assim como no Japão, os caras vão um passo além: a propriedade dos outros também merece respeito, da mesma forma que os bens públicos.

Será que, um dia, vamos poder dizer a mesma coisa do Brasil? Será que, um dia, vamos poder caminhar pela Avenida Paulista, à noite, com a mesma tranqüilidade com que um suíço caminha pelas margens do lago, em Lugano? Ou como eu caminhava pelo centro de Melbourne, quando passei algumas semanas morando e trabalhando na Austrália? Sei lá. Com nossos políticos atuais, é difícil acreditar que algo assim possa acontecer. Mas não custa sonhar.